terça-feira, 29 de abril de 2008

Momento Cult !!!

LIBERDADE
Fernando Pessoa
Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

domingo, 27 de abril de 2008

Pensando Bem...

Que crenças silenciosas sustentam nossas afirmações, negações, avaliações e condutas na vida cotidiana?

terça-feira, 22 de abril de 2008

Auguste Comte, o Fundador da Sociologia.

A herança francesa do Iluminismo e as ondas de choque da Revolução Francesa levaram Auguste Comte em seu quinto volume do Curso de Filosofia Positiva (1830-1842) a examinar a solicitação por uma disciplina dedicada ao estudo científico da sociedade . Comte quis chamar essa disciplina de “física social” para enfatizar que estudaria a natureza fundamental do universo social, mas ele foi praticamente forçado a determinar o termo híbrido greco-latino, sociologia.
“As múltiplas controvérsias entre os sociólogos” praticamente desaparecem quando se trata de determinar a “paternidade” da sua disciplina. Quase todos eles concordam que a Sociologia começa com a obra de Augusto Comte (1798 – 1857). Além de cunhar o nome da nova ciência, foi de Comte a primeira tentativa de definir-lhe o objeto, seus métodos e problemas fundamentais; bem como a primeira tentativa de determinar-lhe a posição no conjunto das ciências.” (GALLIANO, 1981, p.30)
O problema central para a sociologia era aquele que tinha sido articulado pelos pensadores mais antigos do Iluminismo: como a sociedade deve ser mantida unida quando se torna maior, mais complexa, mais variada, mais diferenciada, mais especializada e mais dividida? A resposta de Comte foi que as idéias e as crenças comuns precisavam ser desenvolvidas para dar à sociedade uma moralidade "universal”. Essa resposta nunca foi desenvolvida, mas a preocupação com os símbolos e a cultura, como uma força unificadora para manter a essência do conceito sociológico francês, existe até os dias de hoje.
Uma tática que Comte empregou para fazer com que a sociologia parecesse legítima foi postular a lei dos três estados, na qual o conhecimento está sujeito, em sua evolução, a passar por três estados diferentes. O primeiro estado é o teológico, em que o pensamento sobre o mundo é dominado pelas considerações do sobrenatural, religião e Deus; o segundo estado é o metafísico, em que as atrações do sobrenatural são substituídas pelo pensamento filosófico sobre a essência dos fenômenos e pelo desenvolvimento da matemática, lógica e outros sistemas neutros de pensamento; e o terceiro estado é o positivo, em que a ciência, ou a observação cuidadosa dos fatos empíricos, e o teste sistemático de teorias tornam-se modos dominantes para se acumular conhecimento. E com o estado positivo o conhecimento pode Ter utilidade prática a fim de melhora as vidas das pessoas.
A sociedade como um todo, bem como o pensamento sobre cada domínio do universo, evolui através desses três estágios, mas em velocidades diferentes: a astronomia e a física primeiro, depois a química e a biologia, e finalmente a sociologia surge como o último modo de pensar para entrar no estado positivo. Na visão de Comte, a análise da sociedade estava pronta para ser reconhecida comociência - uma reivindicação que era desafiada na época de Comte, assim como ainda hoje. E como as leis da organização humana eram desenvolvidas, Comte (1851-1854) acreditava que elas poderiam ser usadas para melhorar a condição humana - novamente, um tema tão controverso hoje quanto na época de Comte.
Uma segunda tática legítima empregada por Comte foi postular a hierarquia das ciências, na qual todas as ciências eram ordenadas de acordo com sua complexidade e seu desenvolvimento no estado positivo. Na parte inferior da hierarquia estava a matemática, a língua de todas as ciências mais altas na hierarquia, e no topo, surgindo da biologia, estava a sociologia, que num momento de êxtase Comte definiu como “ciência da humanidade”, coroamento de toda a formação científica. Pois, se a sociologia foi a última ciência a surgir, era também a mais avançada em relação a seu assunto, como um modo legítimo de questionamento.

A reflexão filosófica

Reflexão significa movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo.
A reflexão filosófica é radical porque é um movimento de volta do pensamento sobre si mesmo para conhecer-se a si mesmo, para indagar como é possível o próprio pensamento.
Não somos, porém, somente seres pensantes. Somos também seres que agem no mundo, que se relacionam com os outros seres humanos, com os animais, as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos, e exprimimos essas relações tanto por meio da linguagem quanto por meio de gestos e ações.
A reflexão filosófica também se volta para essas relações que mantemos com a realidade circundante, para o que dizemos e para as ações que realizamos nessas relações.
A reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de perguntas ou questões:
1. Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? Isto é, quais os motivos, as razões e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que dizemos, fazermos o que fazemos?
2. O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fazemos?
3. Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é, qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?
Essas três questões podem ser resumidas em: O que é pensar, falar e agir? E elas pressupõem a seguinte pergunta: Nossas crenças cotidianas são ou não um saber verdadeiro, um conhecimento?
Como vimos, a atitude filosófica inicia-se indagando: O que é? Como é? Por que é?, dirigindo-se ao mundo que nos rodeia e aos seres humanos que nele vivem e com ele se relacionam. São perguntas sobre a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas.
Já a reflexão filosófica indaga: Por quê?, O quê?, Para quê?, dirigindo-se ao pensamento, aos seres humanos no ato da reflexão. São perguntas sobre a capacidade e a finalidade humanas para conhecer e agir.

Atitude filosófica: indagar

Se, portanto, deixarmos de lado, por enquanto, os objetos com os quais a Filosofia se ocupa, veremos que a atitude filosófica possui algumas características que são as mesmas, independentemente do conteúdo investigado. Essas características são:
- perguntar o que a coisa, ou o valor, ou a idéia, é. A Filosofia pergunta qual é a realidade ou natureza e qual é a significação de alguma coisa, não importa qual;
- perguntar como a coisa, a idéia ou o valor, é. A Filosofia indaga qual é a estrutura e quais são as relações que constituem uma coisa, uma idéia ou um valor;
- perguntar por que a coisa, a idéia ou o valor, existe e é como é. A Filosofia pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa, de uma idéia, de um valor.
A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações ao mundo que nos rodeia e às relações que mantemos com ele. Pouco a pouco, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, à nossa capacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar.
Por isso, pouco a pouco, as perguntas da Filosofia se dirigem ao próprio pensamento: o que é pensar, como é pensar, por que há o pensar? A Filosofia torna-se, então, o pensamento interrogando-se a si mesmo. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a Filosofia se realiza como reflexão.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

O Surgimeneto da Sociologia. Cont...

Através dos tempos, o homem pensou sobre si mesmo e sobre o universo. Contudo, foi apenas no século XVIII que uma confluência de eventos na Europa levou à emergência da sociologia. Quando os antigos sistemas feudais começaram a abrir caminho ao trabalho autônomo que promovia a indústria nas áreas urbanas e quando novas formas de governo começaram a desafiar o poder das monarquias, as instituições da sociedade - emprego e receita, planos de benefícios, comunidade, família e religião - foram alteradas para sempre. Como era de se esperar, as pessoas ficaram inquietas com a nova ordem que surgia e começaram a pensar mais sistematicamente sobre o que as mudanças significavam para o futuro (Turner, Beeghley e Powers, 1989).
O movimento intelectual resultante é denominado de Iluminismo ou Século das Luzes, pois a influência da religião, da tradição e do dogma no pensamento intelectual foi finalmente rompida. A ciência agora poderia surgir plenamente como uma maneira de pensar o mundo; já a física e, mais tarde, a biologia foram capazes de superar a desses conceitos, de caráter especulativo, avaliavam a natureza dos homens e as primeiras sociedades infiltradas pela complexidade do mundo moderno. Parte desses conceitos era moralista, mas não no sentido religioso. Com eles, o tipo adequado de sociedade e de relações entre indivíduos (uns com os outros e na sociedade) foi reavaliado com base nas mudanças econômica e política ocorridas com o comércio e, em seguida, com a industrialização. Na Inglaterra, esse novo pensamento foi denominado de Era da Razão; e estudiosos, com Adam Smith (1776), que primeiramente articulou as leis da oferta e da procura na área de mercado, também avaliaram os efeitos, na sociedade, do rápido crescimento populacional, da especialização econômica em escala , da comunidade em declínio e dos sentimentos morais debilitados. Na França, um grupo de pensadores conhecido como filósofos das luzes também começou a expor uma visão do mundo social que defendia uma sociedade em que os indivíduos eram livres da autoridade política arbitrária e eram guiados por padrões morais combinados e pelo governo democrático.
Ainda outra influência por trás do surgimento da sociologia – a Revolução Francesa, de 1789 – acelerou o pensamento sistemático sobre o mundo social. A violência da revolução foi um choque para toda a Europa, pois, se tal violência e influência puderam derrubar o velho regime, o que houve para substituí-lo? Como a sociedade poderia ser reconstruída a fim de evitar tais eventos cataclísmicos? É nesse ponto, nas décadas finais do século XVIII e início do XIX, que a sociologia como uma disciplina autoconsciente foi planejada.

O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA

No limiar do século XXI, estamos vivendo um momento da História que os especialistas estão denominando de globalização. Uma das características marcantes da globalização são os sistemas de comunicação que unem e aproximam os espaços. A televisão, por exemplo, coloca um fato de um país distante dentro de nossa casa no mesmo momento em que ele está acontecendo, e tudo parece estar ocorrendo ali “na esquina de nossa casa”.
A tecnologia da comunicação imprimiu maior velocidade ao mercado econômico, fazendo com que a mercadoria circulasse e fosse distribuída mais rapidamente. Utilizando a expressão de McLuhan, o mundo se transformou em uma aldeia global. Ianni (1922) e Souza Neto (1998) constatam que a globalização não é um fato acabado, mas um fenômeno em marcha, que destrói possibilidades e, ao mesmo tempo, cria outras. É um movimento que atinge todas as esferas da vida social, individual e coletiva.
Em cada lugar ou cidade, a globalização toma uma diferente fisionomia, ou seja, uma coisa é a interface da globalização com a cidade de São Paulo, outra coisa é a mesma interface em Salvador, na Bahia. Na expressão de Castells (1999), a sociedade hoje é a sociedade da informação, uma sociedade em rede, que conecta e desconecta em qualquer momento e lugar. Uma sociedade em rede ultrapassa as relações sociais e técnicas de produção, atinge a cultura e as relações de poder.
Rifkin (1995) caracteriza o movimento da globalização como uma era de mercados globais , de produção automatizada, o processo produtivo à vista quase sem a presença do trabalhador da forma pela qual estamos acostumados, as multinacionais buscando abrir as fronteiras e transformando a vida de bilhões de pessoas para conquistar os mercados globais. Ele constata que a dinâmica da globalização poderá conduzir a humanidade a um porto seguro ou a um terrível abismo. Se de um lado o fim do trabalho é a sentença de morte da civilização, poderá sinalizar também algumas mudanças que provocarão um ressurgimento do espírito humano. Enfim, “o futuro está em nossas mãos”.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

domingo, 13 de abril de 2008

O que é Sociologia?

Sociologia é o estudo do comportamento social das interações e organizações humanas. Todos nós somos sociólogos porque estamos sempre analisando nossos comportamentos e nossas experiências interpessoais em situações organizadas.. O objetivo da sociologia é tornar essas compreensões cotidianas da sociedade mais sistemáticas e precisas, à medida que suas percepções vão além de nossas experiências pessoais.
A sociologia estuda todos os símbolos culturais que os seres humanos criam e usam para interagir e organizar a sociedade; ela explora todas as estruturas sociais que ditam a vida social, examina todos os processos sociais, tais como desvio, crime, divergência, conflitos, migrações e movimentos sociais, que fluem através da ordem estabelecida socialmente; e busca entender as transformações que esses processos provocam na cultura e estrutura social.
Em tempos de mudança, em que a cultura e a estrutura estão atravessando transformações dramáticas, a sociologia torna-se especialmente importante (Nisbet, 1969). Como a velha maneira de fazer as coisas se transforma, as vidas pessoais são interrompidas e, como conseqüência, as pessoas buscam respostas para o fato de as rotinas e fórmulas do passado não funcionarem mais. O mundo hoje está passando por uma transformação dramática: o aumento de conflitos étnicos, desvio de empregos para países com mão-de-obra mais barata, as fortunas instáveis da atividade econômica e do comércio, a dificuldade de serviços de financiamento do governo, a mudança no mercado de trabalho, a propagação de uma doença mortal (AIDS), o aumento da fome nas superpopulações, a quebra do equilíbrio ecológico, a redefinição dos papéis sociais dos homens e das mulheres e muitas outras mudanças. Enquanto a vida social e as rotinas diárias se tornam mais ativas, a percepção sociológica não é completamente necessária. Mas, quando a estrutura básica da sociedade e da cultura muda, as pessoas buscam o conhecimento sociológico. Isso não é verdade apenas hoje – foi a razão principal de a sociologia surgir em primeiro plano como uma disciplina diferente nas primeiras décadas do século XIX.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Nem tudo o que parece é


 

Existe uma verdade absoluta que vale para todos ou cada um de nós compreender o que nos cerca a seu modo?

A busca por ma explicação para a nossa existência e as ciosas à nossa volta é uma constante na história da humanidade. Mas, por mais esforço e estudo que tenham sido feitos, uma dúvida nunca foi varrida de nossa mente nem deixou de ser um dos maiores questionamentos humanos: será possível descobrirmos a verdade sobre o universo, o seu funcionamento, a sua origem e as suas regras? Será que nunca seremos capazes de compreendê-lo? Ou será que ele é diferente para cada um de mós e não existe uma verdade absoluta para todos?

Hoje em dia é comum as pessoas acharem que a verdade é algo subjetivo. Há também quem defende a idéia de que é impossível descobrir a verdade sobre o universo. Penso que uma dessas proposições exclui a outra. Ora, se não podemos conhecer a verdade é contraditório afirmar que ela seja subjetiva. O raciocínio de que é impossível descobrir a verdade sobre o universo decorre ad idéia de que não sabemos o suficiente sobre ele, nem nunca saberemos, para poder afirmar algo com certeza absoluta. Mas, se não termos conhecimento suficiente sobre a realidade para dizer algo com certeza absoluta, não podemos garantir que seja impossível ou não compreender o universo. Trata-se de uma idéia sem sentido e contraditória. Se não podemos ter nenhuma compreensão correta sobre o universo, não devemos ter capacidade nem sequer se somos capazes de discernir o que é real e o que não é, o que podemos conhecer e o que não podemos.

Quanto à hipótese de haver apenas verdades subjetivas, ela é realmente atraente ao mundo de hoje, onde o individualismo construído ao longo dos tempos faz as pessoas desejar depender cada vez mais apenas de si mesmas. Entretanto, muitas dessas pessoas constantemente se contradizem: na hora de defender um ponto de vista dão ênfase à sua subjetividade ao mesmo tempo que tentam convencer os outros a respeito do que pensam apresentando suas idéias como definitivas e absolutas. Isso mostra como a valorização da subjetividade não se deve simplesmente à sua consistência, mas sim ao favorecimento que o uso dessa verdade pode permitir, principalmente nas defesas pessoais, nas defesas de opiniões ou idéias.


 


 


 


 

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Discurso Preliminar sobre o Espírito Positivo --> Para os terc. ou afins. Grande desafio

Discurso Preliminar sobre o Espírito Positivo

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2259

IDADE MÉDIA: Trevas ou Filosofia?

Quando se fala sobre a Idade Média, logo pensamos no chavão "idade das trevas". De fato, não podemos esquecer do obscurantismo no campo das ciências empíricas, das epidemias, da caça às bruxas e da Inquisição. No entanto, é preciso entender esses fenômenos, próprios de seu tempo, antes de criticá-los. Seria ignorância avaliar o período de mil anos da história, reduzindo-o a meia dúzia de fenômenos e esquecendo-se das grandes criações nos mais diversos campos que a Idade Média nos legou.

Assim como reconhecemos os méritos do século XX, apesar das guerras e da violência, também devemos, por fidelidade à história e à verdade, reconhecer as grandes realizaçôes do período medieval. O desenvolvimento das artes, a construção das catedrais, o trabalho intelectual e humanístico das ordens religiósas, a criação das escolas e das universidades, a reconstrução da vida urbana, a preservação da famflia e dos valores religiosos, o testemunho dos grandes santos que arrastavam multidões de jovens para ideais elevados e, sobretudo, o alto nível do debate intelectual, bem como a conservação, a reprodução e a criação do pensamento clássico são realidades que comprovam a riqueza do medievo.

Fé e Razão

Desde a Patrística (periodo dos Padres da Igreja, que foram homens que através dos seus escritos constituíram-se em líderes e pais espirituais tanto na teologia como na filosofia - entre os séculos II e VII), até a Escolástica (período do surgimento das escolas e caracterizado pela subordinação da filosofia à teologia - entre os séculos Xl e XIV), a relação entre lé e razão foi pensada em trê formulações: "Creio porque é absurdo", "creio para entender" e "entender para crer". Longo foi o debate em torno dessas formulações. Destacamos Santo Agostinho (século V) que escreveu imensa obra sobre este tema. É preciso crer, pois a fé é necessária para o conhecimento da verdade religiosa e moral. Mas é preciso também usar a razão para que a adesão à fé não seja cega e meramente passiva. Santo Tomás de Aquino (século XIII) entende que fé e razão são modos diferentes de conhecer, mas não podem contradizer-se porque Deus é seu autor comum. Quando aparece uma oposição, é sinal de que não se trata de verdade, mas de conclusões falsas ou não necessárias. Nas universidades, estas questões não só eram expostas (expositio) pelo mestre, mas também debatidas com os alunos (disputatio). A unidade religiosa da Idade Média não significa a existência de uma única linha de pensamento, pois sobre o mesmo tema encontramos posições diferentes. Basta comparar, por exemplo, Anselmo, Boaventura, Ockham etc.

Igreja e Estado


Igreja e Estado por si só, tendo objetivos e instrumentos diferentes, deveriam configurar-se como duas sociedades completamente separadas. Mas, de fato, essa separação nunca existiu, porque os sujeitos das duas instituições normalmente são os mesmos, A cristandade era entendida como única sociedade onde os cidadãos são os fiéis, Isto não só no mundo cristão, mas também judeu e muçulmano. A relação entre Igreja e Estado provocou debates prolongados e acesos, principalmente entre os séculos XII e XIV, momento de intervenções indevidas de ambos os poderes. Três foram as soluções sobre este problema. Tomás de Aquino reconhecia a autonomia dos poderes, mas propunha a subordinação indireta do Estado à Igreja. O Papa Bonífácio VIII entendia que o Estado deveria estar totalmente subordinado à Igreja. O filósofo Marsilio de Pádua desenvolve a teoria da soberania popular e da subordinação direta da Igreja ao Estado.

Idade Média e Atualidade

Como vimos, os temas medievais constituem-se em raizes de temas contemporáneos. Ninguém pode negar a importância e a atualidade do debate entre teologia e ciência. Questões como evolucionismo, clonagem humana, trabalho aos domingos, educação para os valores da pessoa humana, fecundação "in vitro" e experiências em seres humanos são temas que envolvem reflexões da ética, da moral e também a influência das religiões que tendem a crescer e sempre ocupar espaço ao lado do mundo da ciência. Também a relação entre Igreja e Estado exige reflexão racional para se estabelecer os justos limites de ambas instituições. A filosofia contemporânea e as escolas e universidades devem resgatar dos medievais a seriedade destes debates, pois, do contrário, corre-se o risco de aumentar os fundamentalísmos religiosos e políticos que destróem vidas e enfraquecem as legítimas instituições ou de se cair no racionalismo extremado que não corresponde aos anseios da pessoa humana e impedem a construção de uma sociedade civil que necessita de valores transcendentais, como a solidariedade, para a permanente construção da democracia.



terça-feira, 1 de abril de 2008

Primeiro de Abril: O Dia da Mentira

 

Tudo começou em 1564, quando Carlos IX, rei de França, por uma ordonnance de Roussillon, Dauphine, determinou que o ano começasse no dia primeiro de janeiro, no que foi seguido por outros países da Europa. É claro que, no início, a confusão foi geral, de vez que os meios de comunicação ainda eram inexistentes. Não havia rádio, televisão, nem mesmo o jornal, pois a invenção da imprensa, por Gutenberg, só aconteceu muitos anos depois.

Antes de Carlos IX determinar que o dia primeiro de janeiro fosse o começo do ano, este tinha início no dia primeiro de abril, o que resultou ficar conhecido como o Dia da Mentira., por força das brincadeiras feitas com a intenção de provocar hilaridade.

Surgiram, então, as brincadeiras (que os franceses denominavam de plaisanteries) em todo o mundo, como a da carta que se mandava por um portador destinada a outra pessoa, na qual se lia o seguinte: "Hoje é primeiro de abril. Mande este burro pra onde ele quiser ir".

Seria um nunca acabar se fossem, aqui, relacionadas as brincadeiras referentes ao primeiro de abril. Até mesmo eram distribuídas cartas convidando amigos para assistirem ao enlace matrimonial de pessoas que nem sequer se conheciam, mencionando a igreja, o dia e a hora em que seria celebrado o suposto casamento.

Vejamos alguns primeiros de abril pregados pela imprensa mundial, conforme relata a revista Isto é, de São Paulo, n11 1488, edição de 8 de abril de 1998: 1) "A África do Sul comprou Moçambique por US$ 10 bilhões. 0 anúncio do negócio fora feito na Organização das Nações Unidas pelo presidente sul-africano Nelson Mandela. Deu no jornal Star, de Johannesburgo; 2) A Rádio Medi, de Tânger, no Marrocos, noticiou que o Brasil não iria participar da Copa do Mundo porque o dinheiro da seleção seria usado na luta contra o incêndio em Roraima; 3) A minúscula república russa Djortostão declarou guerra ao Vaticano. Motivo: arrebatar o título de menor Estado da Europa. Paratanto, ele teria doado seis metros quadrados de seu território a uma república vizinha. Isso tudo de acordo com o jornal Moscou Times,, 4) Diego Maradona, ex-capitão da seleção argentina de futebol, é o novo técnico da seleção do Vietnã. Deu nos principais jornais vietnamitas; 5) Ao deixar o Senegal, o presidente americano Bill Clinton seria acompanhado de uma comitiva formada pelos primeiros 50 senegaleses que fossem à embaixada para pedir visto de entrada nos EUA. Assim informou o jornal Le Soleil, do Senegal. Centenas de senegaleses acreditaram na mentira e correram para a embaixada americana."

Noticiando o falecimento de Maurício Fruet, ex-prefeito de Curitiba e ex-deputado federal, a revista Isto é, São Paulo, nº 1510, edição de 9 de setembro de 1998, informou que ele "era considerado o parlamentar mais brincalhão e espirituoso que passara pela Câmara dos Deputados. Um exemplo: convocou uma falsa reunião de todo o secretariado do então governador coberto Requião no dia 1º de abril de 1990 (havia 15 dias que Requião tomara posse). Os Secretários, sem entender nada, passara m toda a madrugada no Palácio Iguaçu. De manhã, Fruet fez chegar a informação de que era um trote do Dia da, Mentira."

Tudo faz crer que as brincadeiras, originárias das plaisanteries francesas, continuem sempre a existir, graças à eternidade das manifestações folclóricas no mundo inteiro.