domingo, 12 de julho de 2009

POEMA - > Ferreira Aguiar


 

Se morro

universo se apaga como se apagam

as coisas deste quarto

se apago a lâmpada:

os sapatos - da - ásia, as camisas

e guerras na cadeira, o paletó -

dos - andes,

bilhões de quatrilhões de seres

e de sóis

morrem comigo.


 

Ou não:

o sol voltará a marcar

este mesmo ponto do assoalho

onde esteve meu pé;

deste quarto

ouvirás o barulho dos ônibus na rua;

uma nova cidade

surgirá de dentro desta

como a árvore da árvore.


 

Só que ninguém poderá ler no esgarçar destas nuvens

a mesma história que eu leio, comovido.

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