quarta-feira, 10 de junho de 2009

Platão – Grande Educador – Parte I

Educação como conversão da alma.

O mundo das ideias pedagógicas de Platão é imensamente rico e diversificado. Mas se alguém quisesse identificar o núcleo de toda essa riqueza, verificar qual o objetivo supremo do filósofo e concretizá-lo numa única imagem, certamente o melhor seria remetê-lo à imagem do "olho do espírito", ..criada e ilustrada de várias formas pelo próprio Platão. No sétimo livro da República, em conexão com a sua famosa alegoria da caverna, formula a tarefa central de toda a educação: retirar o olho do espírito enterrado no grosseiro pantanal do mundo aparente, em constante mutação, e fazê-Io olhar para a luz do verdadeiro ser e do divino. No Banquete, coloca na boca de Sócrates, seu mestre, estas palavras: "O olho do espírito só começa a ver claramente quando o olho corporal já começa a perder a sua acuidade," Na obra de sua velhice, o Sofista, constata que "os olhos do espírito da maioria são incapazes de contemplar persistentemente o divino". Mas essa incapacidade, que em última análise não deixa de ser culpa própria, não anula a urgência da tarefa, à qual Platão dedicou toda a sua vida e que todo homem tem obrigação de cumprir para si mesmo: passar gradativamente da percepção ilusória dos sentidos para a contemplação da realidade pura e sem falsidade, sobretudo do mais brilhante de todos os entes, a ideia do bem. Só com o cumprimento desta tarefa existe educação, a única coisa que o homem pode levar para a eternidade após a morte. Naturalmente, para a consecução desse objetivo, é necessário "converter" a alma, é preciso educação como "arte da conversão".

Nascido em Atenas no ano de 427 a.C., de uma antiga família nobre, a vida de Platão foi duradouramente marcada por Sócrates, de quem foi o discípulo mais importante. Ao contrário do mestre, deixou uma vasta obra literária. Diante dos assuntos tratados e da forma linguística, é difícil dizer a quem admirar mais na obra de Platão: o filósofo ou o poeta. Platão não foi um erudito de gabinete, mas um homem do mundo. Esteve em contato com as personalidades mais importantes da sua época.

Suas viagens levaram-no ao sul da Itália, ao norte da África e ao Egito. Em 387 a.C., fundou em Atenas a sua escola, chamada Academia. Não quis só planejar o Estado ideal. Também tentou colocá-lo em prática em Siracusa, onde se esforçou para transformar o jovem tirano Dionísio II "em rei digno do governo". Fracassou nesta tarefa e a muito custo escapou da catástrofe. Morreu na sua cidade natal em 347 a.C.


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