A Bioética é uma ciênda nova. Tem 30 anos. Teve início na década de 70, quando se começou a ver que o avanço das tecnologias necessitava de um acompanhamento ético, sobretudo as biociências. Criou-se o termo bioética, justamente para que possamos fazer com que estas ciências relacionadas à vida, às tecnologias, possam servir ao ser humano, ajudá-lo no seu processo de humanização. Hoje, o termo bioética abrange toda a preocupação voltada à vida, mas também alcançando seres não vivos, numa visão da criação toda.
Há um pluralismo muito grande dentro da Bioética e o consenso mal está começando a se fazer. Por que pluralismo? Porque as mais diferentes ciências são interpeladas e começam a responder aos desafios da Bioética. Aparecem também profissionais, os mais diversos, tendo que se pronunciar sobre as questões de Bioética, seja do nascer, seja do morrer, seja das questões de saúde ou de engenharia genética, ou até ambientais. E por isso há uma diversidade de posições, que nem sempre formam um real consenso.
A Bioética tem a dizer aos jovens que a vida vale a pena e ela é tão bonita que nós não queremos cuidar dela pela metade, ou uma parte. Porque eu não sou feliz se cuido só de um pedaço de mim. Eu quero ser feliz por inteiro, e quero, no seu todo, crescer. Hoje, segundo os avanços da Bioética, isto significa pensar também no social, no ambiental, sendo a ecologia uma das preocupações. Temos que pensar no ser humano por inteiro para ser feliz, não numa dimensão apenas.
Conteúdo da Bioética
A Bioética se ocupa do nascer, do morrer, mas também do percurso que se faz entre o nascer e o morrer. E aí ela se preocupa com a qualidade da vida existente. Com relação ao nascer, entram todas as questões relacionadas ao início da vida: quando é que começa a vida? Podemos intervir no nascimento? Aí entram todas as correntes abortistas, as tecnologias relativas ao genoma humano, engenharia genética. Será que podemos mexer no embrião humano? Podemos utilizar as células dos primeiros dias? São células chamadas tronco, e por isso serviriam muito bem para formar, desenvolver tecidos e órgãos em laboratório, para reposição de órgãos no ser humano, transplantes. Há toda uma gama de interrogações.
A ética cristã, que dá sua colaboração grande para a Bioética, diz que desde o primeiro instante da fecundação estamos diante de um ser humano, com direito à vida. Portanto, diz não ao aborto em qualquer estágio, e não à utilização de células tronco do embrião humano.
Quanto ao fim da vida, a bioética tem se ocupado com as seguintes questões: quando é que realmente termina a vida? como acompanhar o final da vida do ser humano? No passado a gente pensava que era parada respiratória. Depois a gente viu que é quando o coração pára. Hoje a gente se dá conta de que é quando o cérebro pára. Uma outra questão bioética que está aparecendo quanto ao final da vida é a eutanásia. Por que não, diante de uma situação de doença crônica e de dores, deixar aplicar ao paciente uma dosagem para que morra logo? Na verdade, aí entra a contribuição cristã. A Bioética diz que nunca temos que abreviar a vida de alguém, no sentido de uma eutanásia, uma ação premeditada abreviando a vida, mas preservá-la, dando os tratamentos básicos, podendo dar alguma dose de remédio para aliviar a dor, mas nunca para matar. Nunca se suspende o tratamento básico. Mas também não vai se estender, entubando a pessoa, quando já morreu. Dá-se o tratamento proporcional à situação da pessoa. E quando a morte vai chegando, devemos deixar a vida seguir o seu curso, dando tratamento básico, e respeitando esse momento da morte que chega, com presença humana e espiritual à pessoa doente.
Qualidade de vida
Entre o nascer e o morrer, a Bioética se ocupa também da qualidade da vida existente: o cotidiano
da vida das pessoas. A Bioétíca vai olhar e vai dar uma atenção especial à saúde, habitação, segurança, emprego, educação. E aí a Bioética analisa o sistema social, a questão política e econômica. Chega a rastrear, então, todas as disparidades sociais existentes em nosso país, que faz com que poucos tenham muito e muitos tenham quase nada ou muito pouco, o que é um atentado à vida destas pessoas, à qualidade de suas vidas.
da vida das pessoas. A Bioétíca vai olhar e vai dar uma atenção especial à saúde, habitação, segurança, emprego, educação. E aí a Bioética analisa o sistema social, a questão política e econômica. Chega a rastrear, então, todas as disparidades sociais existentes em nosso país, que faz com que poucos tenham muito e muitos tenham quase nada ou muito pouco, o que é um atentado à vida destas pessoas, à qualidade de suas vidas.
Qualidade de vida não é só ter coisas. Muitos pensam que é ter, é prazer, é se entregar ao consumismo desenfreado. Na verdade, qualidade de vida é sustentar a vida humana, mesmo com o necessário, porém com qualidade do material necessário para viver dignamente; com afeto das relações humanas, de pessoas que se querem bem; com o espiritual, que já é básico na nossa vida; com a saúde, educação, equilíbrio das diferentes dimensões do ser humano.
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