sexta-feira, 13 de junho de 2008

Com a obrigatoriedade das aulas de filosofia no ensino médio, cursinhos correm contra o tempo para preparar os candidatos

Tem Platão nas apostilas

Com a obrigatoriedade das aulas de filosofia no ensino médio, cursinhos correm contra o tempo para preparar os candidatos (Marta Reis)
RIO - Platão ganhou as apostilas dos cursinhos pré-vestibulares. Com a confirmação da obrigatoriedade da filosofia no currículo do ensino médio na semana passada, por uma lei nacional (que adicionou também a sociologia aos programas), cada vez mais universidades devem incluir a disciplina nas provas dos próximos anos.
O curso Qi montou um programa para o segundo semestre, com leitura e discussão de textos filosóficos voltados para o exame da UFRJ, que incluiu uma prova não-específica da matéria, no ano passado, para Direito, História, Filosofia, Música e Ciências Sociais. Além da federal ter adotado a disciplina em seu vestibular, várias escolas já têm aulas do tema, pois a Lei de Diretrizes e Bases da Educação previa, há algum tempo, filosofia e sociologia no ensino médio.
A UFF também promete uma prova específica da disciplina para os candidatos ao curso de filosofia neste ano e questões nas provas de história, geografia e língua portuguesa em todas as carreiras. Na Uerj, as questões de filosofia estão diluídas nos exames de qualificação.
- A idéia é manter a receita do ano passado que deu certo. Espero uma prova talvez um pouco mais complicada neste concurso, mas acredito que a UFRJ pegue leve nesses primeiros vestibulares - afirma Ricardo Camelier, diretor do Qi.
Espero uma prova talvez um pouco mais complicada neste concurso, mas acredito que a UFRJ pegue leve nesses primeiros vestibulares (R. Camelier, do Qi)
No curso Miguel Couto, a preparação dos alunos também vai se intensificar nos próximos meses com aulas aos domingos. Segundo Hélcio Gomes, coordenador pedagógico, os professores privilegiam a linha filosófica cartesiana -- que inclui textos como "Discurso do método", de Descartes - que é a mesma do Instituto de Filosofia da UFRJ.
- Mas não podemos deixar de trabalhar autores como Platão, Kant e Hegel. Nas aulas, o professor lê os textos, faz a apreciação dos termos mais complicados, explica os principais pontos e, depois, formula questões para os candidatos resolverem. É a melhor forma de prepará-los para uma prova que não é "conteudista" , como é o caso da UFRJ e deve ser o da UFF - esclarece Gomes.
Já no pH, os vestibulandos têm uma aula de duas horas da disciplina por semana.
- Eu também preparei uma apostila com uma seleção de textos que considero importantes, como "Meditações metafísicas", de Descartes, e "Alegoria da caverna", de Platão. A partir da leitura, os candidatos exercitam a interpretação - diz Rafael Barreto, professor de filosofia do pH.
Barreto aposta que a UFRJ deve cobrar neste vestibular alguns temas da filosofia como estética, presentes no edital do último concurso, mas que ficaram fora do exame.
O conteúdo dos exames:
UFRJ: A universidade federal adotou a prova de filosofia não-específica no processo seletivo passado apenas para os candidatos aos cursos do grupo 6: Música, Ciências Sociais, Direito, Filosofia e História.
O QUE ESTUDAR NESTE ANO: A comissão de vestibular indica que os alunos devem estudar os seguintes pontos: conceituação de filosofia; noções de lógica; o problema do conhecimento na filosofia (racionalismo, empirismo e ceticismo); estética; filosofia prática (ética, a questão do bem e do mal) e política (estado, sociedade e poder).
UFF: A federal fluminense vai incluir uma prova específica para aqueles que tentam uma vaga no curso de Filosofia. Na prova de múltipla escolha da primeira etapa, as questões de filosofia estarão diluídas nas provas de história, geografia e língua portuguesa para todas as carreiras.
O QUE ESTUDAR NESTE ANO: Os candidatos devem estar preparados para perguntas sobre filosofia greco-romana; filosofia da Europa medieval; filosofia da época moderna; racionalismo e empirismo; iluminismo; Kant e a crise da consciência moderna.
O Globo, 9 jun. 2008.

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