domingo, 22 de junho de 2008

A CONSTRUÇÃO DOS MITOS NO PASSADO E NO PRESENTE

Desde a Antiguidade, os diferentes povos e culturas buscavam explicar os fenômenos da natureza e dar um sentido à própria vida. Esse desejo do ser humano de tentar explicar e entender a origem e o fim das coisas existentes nesse primeiro momento da história foi denominado de MITO.

No passado, no contexto da cultura ocidental, os gregos foram os que mais se destacaram no campo da mitologia, além de suas influências culturais em outras áreas do conhecimento. Na cultura ocidental o mito tornou-se, assim, o primeiro instrumento que desvendou os mistérios do mundo e traduziu os primeiros entendimentos do ser humano sobre a realidade. O mito, num primeiro conceito original, consiste numa narrativa fantasiosa, fantástica sobre a realidade, sobre o mundo. A palavra mito, no sentido etimológico, provém do grego e quer dizer contar, narrar, falar, anunciar, conversar. O mito, então, caracteriza-se, principalmente, por esse discurso imaginário e fictício de buscar explicações sobre os aspectos essenciais da realidade, como por exemplo: a origem do mundo, o funcionamento da natureza, as origens do ser humano e dos seus valores. O mito passava de geração a geração através da narrativa de uma pessoa, urna autoridade dentro da comunidade que inspirava confiança e fidelidade.

A simbologia dos mitos


A mitologia como o conjunto de mi- tos, de lendas e crenças integrantes da cultura de um povo utilizava elementos simbólicos e sobrenaturais para explicar a realidade. Os apelos ao mistério, ao sobrenatural, ao sagrado, à magia constituem elementos centrais da mitologia. Por exemplo, na mitologia grega, além dos deuses imortais (Zeus, Hera, Ares, Atena etc.), cultuavam-se heróis ou semideuses, que eram filhos de um deus com urna pessoa mortal. Os gregos criaram numerosas histórias baseadas numa rica mitologia. Para os gregos, os deuses presidiram a origem do universo e geraram semideuses, heróis e monstros. Os grandes deuses habitavam o monte Olimpo e destacam-se os seguintes: Héstia (deusa do lar), Crono e Réia (os primeiros deuses), Hades (deus do inferno), Deméter (deusa da agricultura), Zeus (deus do céu e senhor do Olimpo), Hera (esposa de Zeus), Posêidon (deus dos mares), Ares (deus da guerra), Atena (deusa da inteligência), Afrodite (deusa do amor e da beleza), Dionísio (deus do prazer; da aventura, do vinho) , Apoio (deus do sol, das artes e da razão), Artemis (deusa da lua, da caça e da fecundidade animal), Hefestos (deus do fogo, patrono dos metalúrgicos) , Hermes (deus do comércio e das comunicações).
A mitologia grega surgiu para representar algumas funções sociais: a função de explicar e tranqüilizar as pessoas di- ante dos mistérios da natureza e a função de regular e ordenar a ação humana. A explicação mítica, todavia, não se justifica, nem se fundamenta, nem se presta ao questionamento. O pensamento mítico requer a adesão e a aceitação das pessoas sem qualquer critica ou correção. Não há discussão sobre os mitos, pois eles são aceitos pela cultura como a própria visão de mundo.

Apelo à reflexão

Na atualidade, muitas questões sobre os fenômenos da natureza física e humana são explicados

através do conhecimento filosófico e científico. Por exemplo: a pergunta sobre a origem do universo. A ciência, hoje, através das pesquisas explica e mostra na experiência a resposta para este problema. Todavia, os avanços na área da filosofia e do próprio conhecimento científico não inibiram os mitos.

O mito continua a ser uma expressão viva com suas funções sociais semelhantes à mitologia grega. Hoje, ainda estão presentes questões sobre a origem da vida e a vida após a morte. O mito, hoje, aparece também através dos meios de comunicação social. Por exemplo: quando a mídia apresenta modelos de moda, corpo, comportamento etc. Esses símbolos representam referenciais imaginários para os vários tipos de desejos, de anseios, emoção: o sucesso, o poder, o sexo, o prazer, a ganância... Em diversos filmes e romances da televisão criam-se mitos de heróis que representam a superioridade racial, tecnológica e financeira. Citam-se, como exemplo, vários filmes americanos em que o personagem do filme manifesta lições morais e aparece como semideus, imortal.

Observa-se que no presente, o ser humano continua envolto por muitos mitos. O pensamento mítico continua construindo explicações imaginárias, fantásticas da realidade. Propõem-se diante disso um apelo ao exercício da reflexão sobre si mesmo e sobre a realidade. Analisar e refletir são duas habilidades do ser humano. Torna-se uma questão de hábito, de costume. Basta um pouco de admiração diante das coisas e não aceitar tudo como evidente, óbvio, claro. A reflexão pode se tornar urna alternativa eficaz para detectar e decifrar os mitos da atualidade.

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